“Às
vezes fico sonhando
Num futuro distante
Estaremos nós
E me dá um nó
Porque sei que o presente
É incerto e ausente
E a realidade dói
Você mudou meu jeito de sentir
Tua coragem me fez ver
Da forma que eu nunca vi
Iluminou tantas sombras em mim
Nunca negou meu jeito de existir
Pegou no colo a criança abandonada
Que não podia dormir”(1)
Num futuro distante
Estaremos nós
E me dá um nó
Porque sei que o presente
É incerto e ausente
E a realidade dói
Você mudou meu jeito de sentir
Tua coragem me fez ver
Da forma que eu nunca vi
Iluminou tantas sombras em mim
Nunca negou meu jeito de existir
Pegou no colo a criança abandonada
Que não podia dormir”(1)
– Acho que vou
nadar – Shunrei disse, alongando-se à beira do lago. – Está tão
quente hoje!
Como a tarde
estava bonita e ensolarada, ela e Shiryu desceram parte da montanha
levando uma cesta com lanches. Enquanto ele continuava a se recuperar
dos ferimentos de batalha, os dois experimentavam a doçura do começo
de namoro. Apesar de morarem juntos desde a infância, achavam
engraçado como tudo parecia diferente nesse último mês, desde que
se tornaram de fato um casal e já não precisavam mais esconder os
sentimentos. Viviam trocando beijos e carinhos pela casa e fazendo
planos, coisas que ele julgava serem impossíveis mas que ela sempre
acreditou que aconteceriam.
– Pelo amor de
Deus, fique na beirada – Shiryu pediu, sentando-se em uma pedra.
Ainda estava andando com o auxílio do cajado e descer a montanha
forçou um pouco o joelho. – Não sei se tenho condições físicas
de salvar você se acontecer algo.
– Quem disse
que vou precisar ser salva?! – ela protestou com uma careta. – Eu
sei nadar muitíssimo bem!
– Sei disso,
mesmo assim tome cuidado.
Ela deu uma
piscadela travessa e tirou o vestido, exibindo o biquíni novo, um
modelo amarelo simples e bastante comportado.
– Você não
quer vir? – ela perguntou.
– Agora não…
– ele respondeu, envergonhado pelo que estava sentindo.
Não
estava acostumado a vê-la com tão pouca roupa por isso foi
inevitável que os hormônios começassem a se agitar. Não era uma
sensação nova, afinal o acompanhava desde o começo da puberdade,
desde que seu próprio corpo mudou e que as mudanças no dela também
ficaram evidentes. Ele sempre teve uma postura extremamente
respeitosa, mas agora a situação era diferente e cada vez que a
beijava vinha aquela vontade de ver mais, de ter mais…Vê-la
caminhando até o lago de biquíni só fez essa vontade crescer com
uma força quase incontrolável, de modo que seu corpo começou a
reagir.
Tentou
pensar em outras coisas, coisas práticas, reparos que pretendia
fazer na casa quando estivesse completamente saudável, compras que
precisava fazer, mas o pensamento inevitavelmente voltou ao biquíni,
às coxas fortes dela, ao bumbum bem desenhado, aos seios, e a tudo
que ele queria ter nas mãos, nos lábios, sob e sobre seu corpo.
Desejava fazer amor com Shunrei, mas estava certo de que ela achava
cedo demais para isso e queria esperar o tempo dela, embora estivesse
ficando cada vez mais difícil.
Resolveu
entrar no lago para tentar relaxar. Com o auxílio do cajado,
levantou-se, caminhou até a beirinha e entrou na água até um ponto
que cobriu a cintura. Olhou ao redor procurando Shunrei e a viu
longe, em cima de um patamar de pedra, preparando-se para saltar.
– Teimosa –
ele murmurou. – Falei para tomar cuidado…
Shiryu
fixou o olhar nela, atento para qualquer problema. Shunrei alongou-se
e saltou graciosamente. Ele continuou olhando, esperando ela emergir.
– Shiryu!!
– ela chamou rindo e acenando para ele quando subiu.
Ele
acenou de volta, aliviado pelo salto seguro, mas logo o pensamento
voltou ao biquíni amarelo, ao corpo dela, ao sexo... e a ereção veio.
Shiryu começou a tocar o pênis ereto por cima da bermuda, mas logo
a levou para dentro. Olhou de novo ao redor e viu que Shunrei estava
na pedra outra vez, preparando-se para mais um salto, o que só
atiçou ainda mais o desejo. Ele massageou o membro vigorosamente,
tentando aliviar-se antes que ela voltasse, mas quando olhou de novo,
ela já nadava em sua direção. Imediatamente tirou a mão de dentro
da bermuda e tentou pensar em algo diferente, mas a ereção ainda
era bastante evidente quando ela chegou. A água muito límpida não
ajudava então ele se curvou um pouco tentando disfarçar.
– Ah,
eu sabia que você não ia aguentar o calor! – ela disse e ficou
tentando decifrar a expressão enigmática dele. – O que foi? Você
está com uma cara estranha.
– Não... não
é nada. É só que… não, nada…
– Fala,
Shiryu! – ela ordenou rindo e deu uma boa olhada nele, o que o fez
se curvar ainda mais. – O que foi? Você está mesmo muito
estranho.
– Não é
nada. Está tudo bem. Deve ser o calor.
– É
por causa… dele? – ela arriscou, apontando para a virilha do
namorado.
Shiryu corou.
– Ah,
Shunrei, eu sinto muito – ele falou, tão baixo que mal dava pra
ouvir. – Eu não… não consegui… não queria desrespeitá-la.
Isso é bem constrangedor.
– Meu
amor – ela riu e o abraçou sem o menor sinal de desconforto. –
Tudo bem. É o fluxo natural das coisas… Acha que eu também não
sinto coisas quando estamos juntos?
Por um momento
ele se perguntou quem era essa mulher que lidava tão bem com o
assunto, depois se deu conta de que a conhecia menos do que pensava.
Já que ela estava dando abertura, resolveu ir adiante.
– Achei
que você considerava cedo demais para isso... Não queria que se
sentisse pressionada...
– Não,
eu quero – ela disse, com a voz clara, sem hesitação. – Eu te
amo tanto, te desejo tanto… Não temos por que esperar mais... –
Ela apertou mais o corpo contra o dele, sentindo o volume na bermuda
dele. – Faz amor comigo agora, Shiryu…
– Shunrei…
– ele sussurrou de um jeito tão sensual que a deixou arrepiada, e
começou a beijá-la do mesmo modo.
Decididos, tocaram
os corpos um do outro em lugares que nunca ousaram antes, descobrindo
sensações novas e irresistíveis. Aos poucos foram ganhando
confiança, então ele abaixou o sutiã do biquíni dela, expondo os
seios. Primeiro tocou a pele macia e os mamilos castanhos, depois os
beijou, lambeu e sugou, enquanto as mãos seguravam com firmeza as
nádegas.
– Vem,
vamos sair da água… – ele pediu. Queria continuar ali mesmo, mas
os joelhos doíam.
– Vamos…
– ela concordou com um afago no peito dele e o ajudou a sair do
lago. Depois estendeu no chão a toalha que levou para se secarem e
deitou nela, ofegando, ansiando por Shiryu. Shunrei achou que, apesar
de bem mais magro e com os músculos menos definidos, ele estava mais
lindo do que nunca sob aquela luz laranja do sol poente, com aquele
rosto corado de vergonha e excitação e os cabelos molhados grudados
na pele.
– Meu
amor… – ele sussurrou e debruçou-se sobre ela, beijando-a
avidamente.
Shunrei
desamarrou o sutiã e tirou a calcinha, expondo-se por completo para
ele.
Embora
também estivesse envergonhada, Shunrei abriu a bermuda dele e a
abaixou. Não era a primeira vez que o via despido e de pênis ereto,
mas em todas as outras fora por acidente, quando cuidava dele
inconsciente ou semiconsciente. Agora a situação era diferente e
vê-lo excitado fez o calor no próprio ventre aumentar. Ansiava por
ele dentro de si, então afastou um pouco as pernas, abrindo-se para
ele.
– Vem
– ela disse, notando a pequena hesitação dele. Conhecia bem
demais seu homem, sabia que ele estava nervoso, envergonhado e
pensando até onde poderia ir sem desrespeitá-la, por isso sabia que
precisava dizer a ele que estava tudo bem. – Faça o que tiver
vontade… Eu sou sua...
E
o que ele queria era tocar a intimidade dela, senti-la com as mãos e
também com a boca, do jeito que viu naqueles filmes que se
envergonhava de ver na madrugada, quando estava sozinho em Tóquio.
Autorizado por ela, ele tomou coragem e beijou o umbigo. Aos poucos,
foi descendo, desbravando o pequeno caminho até o púbis, e tocou a
intimidade dela com os dedos, sentindo a maciez cálida e a umidade
abundante. Ousou explorar com os lábios, sentindo o sabor dela.
Shunrei estremeceu quando ele tocou com a língua seu ponto mais
sensível, mas se sentia surpreendentemente à vontade com o rosto
dele ali.
Milhares
de coisas passaram pela cabeça de Shiryu quando imaginava esse
momento: se saberia o que fazer, como fazer, se seria bom, se seria
muito doloroso para ela, como seria o depois, o que falariam... Havia
uma ansiedade tremenda que ele precisava controlar para não ir
rápido demais. Então respirou fundo e tentou limpar a mente, focar
apenas no momento e na sua Shunrei… Embora estivesse adorando tê-la
em seus lábios, sentia que era a hora de ir adiante. Então ele
segurou o pênis, encostou na abertura úmida e pressionou devagar,
vencendo a resistência natural do hímen, atento à expressão de
Shunrei. Temia machucá-la mais que o inevitável, mas ela o envolveu
com as pernas, movendo os quadris em direção a ele e aprofundando a
penetração, buscando o melhor encaixe, a pressão mais prazerosa.
Imaginou esse momento tantas vezes e de tantas maneiras que conhecia
bem o próprio corpo, sabia o que queria e do que gostava. Além
disso, a dor era menor do que imaginava. O prazer, infinitamente
maior.
Ficaram
unidos, movendo-se juntos, alheios a todo o mundo exterior, focados
apenas um no outro e no prazer que estavam sentindo. Logo o clímax
dela veio em ondas, com suas deliciosas e incontroláveis contrações.
Shiryu amou ver a expressão dela e o modo como todo o corpo se
contraiu de prazer, mas agora era a vez dele. Apoiou-a novamente na
toalha e beijou-a enquanto movia o quadril sobre ela, até o exato
momento em que seu sêmen derramou-se dentro dela.
– Eu
te amo tanto, Shiryu… – ela falou, ainda arfando e com ele dentro
de si.
– Eu também
te amo muito – ele respondeu, fazendo um carinho nela.
Ele
rolou para o lado e puxou-a para si, aconchegando-a no colo.
– Isso
que fizemos… – ele disse depois de tomar fôlego. – Achei que
esse dia nunca ia chegar. Ainda não acredito que chegou… Parece
que isso aqui é outro mundo, sabe? Um mundo alternativo… Parece
que eu morri na batalha e reencarnei em um mundo quase perfeito, onde
eu e você podemos ser felizes juntos.
– Quase
perfeito? Por que quase?
– Seria
perfeito se não fosse esse joelho doendo o tempo todo.
– Estamos
no mundo real, amor. A dor faz parte e o prazer também…
– Por
falar nisso, doeu muito quando...?
– Menos
do que eu pensava. E eu estou tão feliz.
– Eu
também. Mas agora me ocorreu uma coisa que devíamos ter pensado
antes… e se você engravidar?
– Vai
ser incrível! – ela respondeu com um sorriso largo. – Eu quero
muito um filho seu.
– Então que
venha o nosso filho!
Um ano depois…
O
primeiro ano juntos foi repleto de amor, mas também de alguns
percalços.
O joelho de Shiryu não melhorou e precisou ser operado,
mesmo assim ainda doía frequentemente. Também foram surgindo outras
dores em diversos lugares, resultando em três internações no
hospital.
Shiryu
estava somente com dezenove anos mas seu corpo cobrava o preço das
batalhas intensas. Mesmo assim, sempre que estava em condições,
descia a montanha para trabalhar na lavoura de arroz. Hoje estava em
um desses dias bons, por isso pegou a enxada e saiu cedo de casa.
Enquanto
ele trabalhava, Shunrei resolveu dar uma volta no bosque à procura
de algumas ervas necessárias para os remédios dele. Estava colhendo
alecrim, um excelente anti-inflamatório para dores articulares,
quando ouviu um choramingar fraco. A princípio achou que fosse algum
pequeno animal, mas logo o som foi ficando mais forte até que ela
reconheceu o choro de um bebê. Correu na direção do som até
encontrar a criança embaixo de uma árvore. Chegou mais perto e viu
que era um menino, ainda sujo do parto e ligado à placenta, com
formigas em cima dele, mordendo-o.
– Ai, meu
Deus! – ela exclamou. – O que fizeram com você?
Tirou
as formigas de cima dele o melhor que pôde, pegou-o no colo junto
com a placenta e correu para casa. Pôs o menino sobre a cama de
casal, comprada dias depois da primeira vez que ela e Shiryu fizeram
amor à beira do lago, e pegou seu livreto de primeiros socorros.
Companheiro nos cuidados com Shiryu e com o Mestre, foi nesse livro
que ela aprendeu as duas primeiras coisas: manter sempre a calma e
avaliar a situação. Foi nele também que aprendeu a fazer suturas
simples, manobra de Heimlinch, entre outras coisas. Sabia que havia
algo sobre parto e recém-nascido lá, então procurou no índice e
leu avidamente.
Examinou o bebê, a placenta e o cordão umbilical. O
menino parecia bem, exceto pelas mordidas de formiga, então colocou
água para ferver a fim de esterilizar uma tesoura. Enquanto isso,
limpou o bebê com uma toalha molhada e passou um unguento nas
picadas de insetos para aliviar a dor. Aproveitou e trocou a blusa
suja de sangue por um vestido de alças.
– Certo...
Amarrar o cordão umbilical perto do bebê, amarrar um pouco mais pra
cima, cortar no meio.
Quando a tesoura
esfriou a ponto de ela conseguir segurar, cortou. Embrulhou o bebê
num cobertor e tentou acalmá-lo balançando-o suavemente.
– Calma,
bebezinho – falou com doçura. – Você já está a salvo. Está
tudo bem... Eu achei você bem a tempo.
Shunrei
concluiu que ele devia estar com fome, então esvaziou uma cesta,
forrou com uma colcha bem macia e o colocou dentro. Depois diluiu em
água morna um pouco de leite em pó. Sabia que não era o ideal, mas
ele estava com fome, Shiryu não estava em casa e demoraria demais
até ela descer ao povoado para comprar o leite certo. Esperou o
preparado ficar em uma temperatura adequada, mergulhou o dedo
mindinho no leite e deu para ele sugar. Estava funcionando, ele comeu
o pouco que ela preparou e se acalmou por alguns minutos, mas logo
voltou a chorar.
Já estava se
aprontando para descer ao povoado com o bebê, quando Shiryu chegou
em casa para o almoço.
– É
um bebê? – ele perguntou, tentando entender o que estava
acontecendo.
– Estava
colhendo ervas no bosque e encontrei o pobrezinho – ela começou a
explicar. – Nasceu lá, deixaram ainda com a placenta... As
formigas já estavam em cima dele...
– E
o que vamos fazer com ele?
– Vamos ficar.
O que mais podíamos fazer?
– Amor,
eu sei que estávamos tentando ter um filho, mas acho que a Fundação
pode...
– Nem complete
essa frase, Shiryu! – ela interrompeu. – Ele pode ter uma
família, um pai e uma mãe, e você quer mandá-lo para o orfanato?
– Ele pode ter
isso se o entregarmos ao orfanato. É um recém-nascido e eles são
adotados rapidamente.
– Você
foi? – ela indagou de modo mais ríspido do que pretendia. –
Ficou lá até os oito anos de idade, quando veio pra cá. Não
apareceu ninguém pra adotar você.
– Não precisa
falar assim...
– Desculpa,
não quis te magoar. Mas é a realidade... Você também chegou lá
recém-nascido.
– Só
estou falando que seria uma solução. Precisamos pensar com calma,
um filho não é uma decisão pra ser tomada assim, no calor da
emoção.
– Eu já
pensei. Enquanto tirava as formigas de cima dele, eu pensei. Quero
ficar com ele. Quero ser a mãe dele. Você vai ser o pai?
Shiryu
não respondeu de imediato. Ainda se sentia atordoado pela velocidade
da coisa. Eram só dois poucos minutos atrás e de repente, sem
aviso ou preparação, iam virar três? Era verdade que estavam
deixando a natureza seguir seu curso, sem se preocuparem com
contracepção, e uma gravidez poderia vir a qualquer momento, mas
nesse caso teriam nove meses de preparação. Mesmo assim ele já não
estava mais tão certo de que deviam ter um filho nesse momento. As
internações e cirurgias ao longo do ano diziam que talvez fosse
melhor esperar, mas agora Shunrei estava com esse bebê no colo,
decidida a criá-lo.
– Segura ele – ela pediu, quando o menino começou a berrar de novo. –
Vou preparar mais um pouco de leite.
– Eu não sei
fazer isso... Ele parece tão molinho. Acho que vou machucá-lo.
– Não vai,
não. Só pega ele e sustenta a cabeça com a mão.
Ele fez o que
ela disse. Sentiu-se estranho segurando um bebê tão novinho, tão
frágil. A fralda improvisada com um pedaço de lençol estava quase
caindo, então ele apoiou o menino sobre o peito para ajeitá-la.
Notou que ele se acalmou um pouco.
– Você gosta
de ficar assim, é? – perguntou. – Gosta disso, bebê?
– Pronto –
ela disse, vindo com mais um copinho de leite. Pegou o bebê do colo
de Shiryu e começou a alimentá-lo.
Shiryu
ficou observando o jeito dela com o menino. Sempre soube que ela
seria uma ótima mãe, bastava ver como ela cuidava dele e do Mestre,
mas era incrível ver essa transformação acontecer diante de seus
olhos quase instantaneamente.
Ela segurava o
bebê com um braço, molhava o dedo mindinho da outra mão no leite e
dava pra ele. Em certo momento, o bebê pareceu sorrir, como se já a
reconhecesse como mãe.
“Seria
como alguns bichos, que reconhecem a primeira coisa que veem?”,
Shiryu pensou. “Será que nós também podemos nos tornar pais num
instante? Será que foi o destino que mandou ele para nós ou estamos
cometendo um erro grave?”
– Faça
uma lista do que ele precisa – ele disse. Ainda não estava muito
certo, mas ia apoiá-la. – Vou descer para comprar. Você me
perguntou se eu vou ser o pai dele. Eu vou. Estou nessa com você.
– Eu
sabia – ela disse sorrindo satisfeita. – Eu conheço você.
Shunrei
terminou de dar o leite ao bebê, depois o entregou novamente para
Shiryu e começou a anotar em uma folha o que achava que precisariam.
Enquanto ela fazia isso, o bebê acabou adormecendo no colo do novo
pai.
– Acho que ele
gostou de você – ela disse, olhando ternamente para eles.
– Parece que
sim.
– Pronto –
ela disse, entregando a lista a Shiryu e pegando o bebê de volta.
– Volto logo,
meu amor – ele disse, dando um beijinho na cabeça dela e fazendo
um carinho na do bebê.
Em
pouco tempo ele voltou do povoado com as coisas da lista: fraldas,
leite apropriado para recém-nascidos, mamadeira, algumas roupas,
meias, entre outras coisas.
Shunrei tirou a fralda improvisada e deu
um banho de verdade no menino. Depois passou pomada contra assaduras
e novamente o unguento para as picadas de formiga, que já pareciam
menos vermelhas. Colocou a fralda nova nele e vestiu o macacão verde
que Shiryu trouxe. Enquanto ela fazia isso, ele preparou o leite para
recém-nascidos e colocou na mamadeira.
– Agora
sim! – ela disse orgulhosa, segurando ele. – Vamos precisar de
mais coisas, Shiryu. Isso foi só para começar.
– Aos poucos
vamos comprando. Trouxe isso também. – Ele mostrou a ela um livro
de cuidados do bebê. – Vamos precisar, não vamos?
– Muito.
Isso foi uma ótima ideia, Shiryu! Vou devorar o livro. Eu te amo
tanto! Eu sei que está com medo, que não era a ideia ter um filho
do dia para a noite, mas você vai ser um pai incrível pra ele. Eu
sei disso!
– Eu também
te amo, sua teimosa.
– Nem vem,
você também é teimoso.
– Nossa
vida vai mudar para sempre, Shunrei – ele disse, sentando-se no
sofá. Sentia-se cansado, com dor de cabeça e o maldito joelho doía
como o inferno, mas não queria preocupar a esposa.
– É...
Prepare-se para não dormir direito pelos próximos meses.
– Estava
pensando nos próximos anos. Um filho é uma preocupação para
sempre.
– É, mas nós
podemos dar conta.
– Podemos...
Ele precisa de um nome.
– Estava
pensando em Shoryu...
– Shoryu? –
ele se surpreendeu. – Como no meu golpe?
– É.
Podemos usar um kanji diferente para o Sho...(2)
– Eu
gostei. Shoryu soa muito bem, é um nome forte.
– Então está
certo, ele se chama Shoryu. Vem,
vou servir seu almoço. Já passa das quatro da tarde. Preparei uma
comidinha gostosa quando ele dormiu, mas estava com tanta fome que
não esperei você.
– Tudo bem,
não estou com fome agora. Comi uns pãezinhos lá embaixo. Senta
aqui comigo.
– Estava
escrito em algum lugar que ele tinha de ser nosso, não estava? –
ela perguntou.
Depois pegou a mamadeira e aninhou-se nos braços do
amado para alimentar Shoryu.
– Certamente
estava – ele respondeu, já se sentindo pai do menino.
Continua...
(1) Deborah
Blando, Águias
(2) O “sho”
do golpe Rozan Shoryu Ha é escrito com o kanji que significa
“ascender, subir” e o do nome do menino com o que significa
“voar”.
----------------------
Oie!
Estava com
tanta saudade de ShiShu que até coloquei os dois no cap de Apenas
Começamos. :3 Mas eu queria mais, precisava de mais e calhou de ser
a vez de A Coisa Mais Importante.
Nessa fic, eu
quis me redimir de O Silêncio da Noite, onde Shunrei foi estuprada
na beira do lago, dando uma versão feliz e amorosa para a cena, e
também como uma referência ao filler do anime que eu mais gosto. De
quebra, ela também ganhou o Shoryu nesse capítulo! Tudo lindo e
quase perfeito… por enquanto…
É isso!
Feliz Natal,
pessoal!!
Obrigada por
tudo!!
Chii
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