26 de dezembro de 2018

A Coisa Mais Importante - Capítulo III - Mundo Quase Perfeito



Às vezes fico sonhando
Num futuro distante
Estaremos nós
E me dá um nó
Porque sei que o presente
É incerto e ausente
E a realidade dói
Você mudou meu jeito de sentir
Tua coragem me fez ver
Da forma que eu nunca vi
Iluminou tantas sombras em mim
Nunca negou meu jeito de existir
Pegou no colo a criança abandonada
Que não podia dormir”(1)


Acho que vou nadar – Shunrei disse, alongando-se à beira do lago. – Está tão quente hoje!

Como a tarde estava bonita e ensolarada, ela e Shiryu desceram parte da montanha levando uma cesta com lanches. Enquanto ele continuava a se recuperar dos ferimentos de batalha, os dois experimentavam a doçura do começo de namoro. Apesar de morarem juntos desde a infância, achavam engraçado como tudo parecia diferente nesse último mês, desde que se tornaram de fato um casal e já não precisavam mais esconder os sentimentos. Viviam trocando beijos e carinhos pela casa e fazendo planos, coisas que ele julgava serem impossíveis mas que ela sempre acreditou que aconteceriam.

Pelo amor de Deus, fique na beirada – Shiryu pediu, sentando-se em uma pedra. Ainda estava andando com o auxílio do cajado e descer a montanha forçou um pouco o joelho. – Não sei se tenho condições físicas de salvar você se acontecer algo.

Quem disse que vou precisar ser salva?! – ela protestou com uma careta. – Eu sei nadar muitíssimo bem!

Sei disso, mesmo assim tome cuidado.

Ela deu uma piscadela travessa e tirou o vestido, exibindo o biquíni novo, um modelo amarelo simples e bastante comportado.

Você não quer vir? – ela perguntou.

Agora não… – ele respondeu, envergonhado pelo que estava sentindo.

Não estava acostumado a vê-la com tão pouca roupa por isso foi inevitável que os hormônios começassem a se agitar. Não era uma sensação nova, afinal o acompanhava desde o começo da puberdade, desde que seu próprio corpo mudou e que as mudanças no dela também ficaram evidentes. Ele sempre teve uma postura extremamente respeitosa, mas agora a situação era diferente e cada vez que a beijava vinha aquela vontade de ver mais, de ter mais…Vê-la caminhando até o lago de biquíni só fez essa vontade crescer com uma força quase incontrolável, de modo que seu corpo começou a reagir.

Tentou pensar em outras coisas, coisas práticas, reparos que pretendia fazer na casa quando estivesse completamente saudável, compras que precisava fazer, mas o pensamento inevitavelmente voltou ao biquíni, às coxas fortes dela, ao bumbum bem desenhado, aos seios, e a tudo que ele queria ter nas mãos, nos lábios, sob e sobre seu corpo. Desejava fazer amor com Shunrei, mas estava certo de que ela achava cedo demais para isso e queria esperar o tempo dela, embora estivesse ficando cada vez mais difícil.

Resolveu entrar no lago para tentar relaxar. Com o auxílio do cajado, levantou-se, caminhou até a beirinha e entrou na água até um ponto que cobriu a cintura. Olhou ao redor procurando Shunrei e a viu longe, em cima de um patamar de pedra, preparando-se para saltar.

Teimosa – ele murmurou. – Falei para tomar cuidado…

Shiryu fixou o olhar nela, atento para qualquer problema. Shunrei alongou-se e saltou graciosamente. Ele continuou olhando, esperando ela emergir.

Shiryu!! – ela chamou rindo e acenando para ele quando subiu.

Ele acenou de volta, aliviado pelo salto seguro, mas logo o pensamento voltou ao biquíni amarelo, ao corpo dela, ao sexo... e a ereção veio. Shiryu começou a tocar o pênis ereto por cima da bermuda, mas logo a levou para dentro. Olhou de novo ao redor e viu que Shunrei estava na pedra outra vez, preparando-se para mais um salto, o que só atiçou ainda mais o desejo. Ele massageou o membro vigorosamente, tentando aliviar-se antes que ela voltasse, mas quando olhou de novo, ela já nadava em sua direção. Imediatamente tirou a mão de dentro da bermuda e tentou pensar em algo diferente, mas a ereção ainda era bastante evidente quando ela chegou. A água muito límpida não ajudava então ele se curvou um pouco tentando disfarçar.

Ah, eu sabia que você não ia aguentar o calor! – ela disse e ficou tentando decifrar a expressão enigmática dele. – O que foi? Você está com uma cara estranha.

Não... não é nada. É só que… não, nada…

Fala, Shiryu! – ela ordenou rindo e deu uma boa olhada nele, o que o fez se curvar ainda mais. – O que foi? Você está mesmo muito estranho.

Não é nada. Está tudo bem. Deve ser o calor.

É por causa… dele? – ela arriscou, apontando para a virilha do namorado.

Shiryu corou.

Ah, Shunrei, eu sinto muito – ele falou, tão baixo que mal dava pra ouvir. – Eu não… não consegui… não queria desrespeitá-la. Isso é bem constrangedor.

Meu amor – ela riu e o abraçou sem o menor sinal de desconforto. – Tudo bem. É o fluxo natural das coisas… Acha que eu também não sinto coisas quando estamos juntos?

Por um momento ele se perguntou quem era essa mulher que lidava tão bem com o assunto, depois se deu conta de que a conhecia menos do que pensava. Já que ela estava dando abertura, resolveu ir adiante.

Achei que você considerava cedo demais para isso... Não queria que se sentisse pressionada...

Não, eu quero – ela disse, com a voz clara, sem hesitação. – Eu te amo tanto, te desejo tanto… Não temos por que esperar mais... – Ela apertou mais o corpo contra o dele, sentindo o volume na bermuda dele. – Faz amor comigo agora, Shiryu…

Shunrei… – ele sussurrou de um jeito tão sensual que a deixou arrepiada, e começou a beijá-la do mesmo modo.

Decididos, tocaram os corpos um do outro em lugares que nunca ousaram antes, descobrindo sensações novas e irresistíveis. Aos poucos foram ganhando confiança, então ele abaixou o sutiã do biquíni dela, expondo os seios. Primeiro tocou a pele macia e os mamilos castanhos, depois os beijou, lambeu e sugou, enquanto as mãos seguravam com firmeza as nádegas.

Vem, vamos sair da água… – ele pediu. Queria continuar ali mesmo, mas os joelhos doíam.

Vamos… – ela concordou com um afago no peito dele e o ajudou a sair do lago. Depois estendeu no chão a toalha que levou para se secarem e deitou nela, ofegando, ansiando por Shiryu. Shunrei achou que, apesar de bem mais magro e com os músculos menos definidos, ele estava mais lindo do que nunca sob aquela luz laranja do sol poente, com aquele rosto corado de vergonha e excitação e os cabelos molhados grudados na pele.

Meu amor… – ele sussurrou e debruçou-se sobre ela, beijando-a avidamente.

Shunrei desamarrou o sutiã e tirou a calcinha, expondo-se por completo para ele.
Embora também estivesse envergonhada, Shunrei abriu a bermuda dele e a abaixou. Não era a primeira vez que o via despido e de pênis ereto, mas em todas as outras fora por acidente, quando cuidava dele inconsciente ou semiconsciente. Agora a situação era diferente e vê-lo excitado fez o calor no próprio ventre aumentar. Ansiava por ele dentro de si, então afastou um pouco as pernas, abrindo-se para ele.

Vem – ela disse, notando a pequena hesitação dele. Conhecia bem demais seu homem, sabia que ele estava nervoso, envergonhado e pensando até onde poderia ir sem desrespeitá-la, por isso sabia que precisava dizer a ele que estava tudo bem. – Faça o que tiver vontade… Eu sou sua...

E o que ele queria era tocar a intimidade dela, senti-la com as mãos e também com a boca, do jeito que viu naqueles filmes que se envergonhava de ver na madrugada, quando estava sozinho em Tóquio. 

Autorizado por ela, ele tomou coragem e beijou o umbigo. Aos poucos, foi descendo, desbravando o pequeno caminho até o púbis, e tocou a intimidade dela com os dedos, sentindo a maciez cálida e a umidade abundante. Ousou explorar com os lábios, sentindo o sabor dela. 

Shunrei estremeceu quando ele tocou com a língua seu ponto mais sensível, mas se sentia surpreendentemente à vontade com o rosto dele ali.

Milhares de coisas passaram pela cabeça de Shiryu quando imaginava esse momento: se saberia o que fazer, como fazer, se seria bom, se seria muito doloroso para ela, como seria o depois, o que falariam... Havia uma ansiedade tremenda que ele precisava controlar para não ir rápido demais. Então respirou fundo e tentou limpar a mente, focar apenas no momento e na sua Shunrei… Embora estivesse adorando tê-la em seus lábios, sentia que era a hora de ir adiante. Então ele segurou o pênis, encostou na abertura úmida e pressionou devagar, vencendo a resistência natural do hímen, atento à expressão de Shunrei. Temia machucá-la mais que o inevitável, mas ela o envolveu com as pernas, movendo os quadris em direção a ele e aprofundando a penetração, buscando o melhor encaixe, a pressão mais prazerosa. Imaginou esse momento tantas vezes e de tantas maneiras que conhecia bem o próprio corpo, sabia o que queria e do que gostava. Além disso, a dor era menor do que imaginava. O prazer, infinitamente maior.

Ficaram unidos, movendo-se juntos, alheios a todo o mundo exterior, focados apenas um no outro e no prazer que estavam sentindo. Logo o clímax dela veio em ondas, com suas deliciosas e incontroláveis contrações. 

Shiryu amou ver a expressão dela e o modo como todo o corpo se contraiu de prazer, mas agora era a vez dele. Apoiou-a novamente na toalha e beijou-a enquanto movia o quadril sobre ela, até o exato momento em que seu sêmen derramou-se dentro dela.

Eu te amo tanto, Shiryu… – ela falou, ainda arfando e com ele dentro de si.

Eu também te amo muito – ele respondeu, fazendo um carinho nela.

Ele rolou para o lado e puxou-a para si, aconchegando-a no colo.

Isso que fizemos… – ele disse depois de tomar fôlego. – Achei que esse dia nunca ia chegar. Ainda não acredito que chegou… Parece que isso aqui é outro mundo, sabe? Um mundo alternativo… Parece que eu morri na batalha e reencarnei em um mundo quase perfeito, onde eu e você podemos ser felizes juntos.

Quase perfeito? Por que quase?

Seria perfeito se não fosse esse joelho doendo o tempo todo.

Estamos no mundo real, amor. A dor faz parte e o prazer também…

Por falar nisso, doeu muito quando...?

Menos do que eu pensava. E eu estou tão feliz.

Eu também. Mas agora me ocorreu uma coisa que devíamos ter pensado antes… e se você engravidar?

Vai ser incrível! – ela respondeu com um sorriso largo. – Eu quero muito um filho seu.

Então que venha o nosso filho!

Quase Sem Querer - Capítulo IX - Parabéns

– Prontinho – Shunrei anunciou enquanto admirava sua obra concluída: o bolo esculpido em formato de gato para o aniversário de Natássia. O...