3 de fevereiro de 2018

A Coisa Mais Importante - Capítulo I - Orgulho

Sinopse: Shunrei era sua coisa mais importante, sua doce e amada esposa, de quem ele tirava forças para seguir adiante, mas Shiryu achava que ela merecia muito mais do que o pesado fardo de ser a esposa de um cavaleiro.  Shiryu x Shunrei. Episódio G Assassino.

Saint Seiya não me pertence, mas a Masami Kurumada, Toei Animation. Episode G Assassin pertence a Megumu Okada. Com minhas fics, não ganho nada além de diversão.

Oi!
Essa fanfic conta como eu imagino a história de Shiryu e Shunrei no universo do mangá Episódio G  Assassino. O primeiro capítulo traz a cena onde ele volta ferido da luta com Sigurd, que já apareceu em “Quase Sem Querer”. A partir do próximo capítulo, a história entra num flashback que partirá da adoção de Shoryu até chegarmos de novo no tempo em que se passa o mangá.
Como o mangá ainda está em andamento, pode ser que precise de algumas adaptações no futuro, mas eu não aguento esperar, então aproveitei o aniversário de Shiryu, que é amanhã, para começar a postá-la. :3 #45
O título veio da frase que Shiryu fala para o Máscara da Morte na luta da casa de Câncer: “você menosprezou minha coisa mais importante”.  :3 Foi aí que eu me apaixonei por ele! XD
É isso!
Boa leitura!


A COISA MAIS IMPORTANTE
Chiisana Hana


“Me dê força no percurso
E luz no caminho
Antes que fique tudo escuro
Porque a escuridão tardará
E nunca me deixe
Você sabe que não poderia
Já que você é
A coisa mais importante que eu tenho”(1)


Capítulo I - Orgulho


Recostado na poltrona do shinkansen(2), Shiryu estava quieto, de olhos fechados, e respirava com dificuldade porque cada inspiração ou expiração era muito dolorosa. Tinha acabado de lutar novamente contra Sigurd e esteve muito perto da morte. Mais uma vez. Não morreu porque Seiya ressurgiu do nada. Mesmo sem poder lutar. Mesmo com a maldição da espada de Hades cravada nele.

Seiya… Shiryu tinha sonhado tanto com esse momento. Sigurd disse que os sonhos dos humanos não se realizam. Ele estava tão errado! Tinha realizado vários ao longo da vida e mais um tinha acabado de acontecer: Seiya estava de volta.

Não esperava que fosse reencontrar o amigo justamente no meio de uma batalha, mas eram cavaleiros, onde mais se reencontrariam?

“Posso ouvir a alma do meu amigo”, Seiya disse. E foi assim que ele o encontrou. Pressentiu o perigo. E veio. Era típico dele, o grande herói lendário. Seu amigo. Seu irmão.

No final, teve que salvar Seiya também. Era assim. Antes de tombar, mesmo fraco e tonto pelo esforço para expulsar o hálito paralisante de Fafnir do seu sangue, tinha conseguido salvá-lo. Era isso. Estavam ali um pelo outro. Estariam sempre. Para isso serviam os amigos.

“Por que não volta e deixa a gente cuidar de você?”, pensou Shiryu dolorosamente. “Não é um fardo. Te disse que não é. E Aiolos… o que era aquilo? Aiolos vivo, enfrentando Aiolia?  Não estava entendendo nada…

Ele já não conseguia concatenar as ideias. Os pensamentos iam e vinham sem lógica.
“Seiya… Por que não ficou? Como Shunrei vai reagir? O marido sai para um passeio com crianças e volta desse jeito…”

Então ele começou a tossir ruidosamente.

“Por que dói tanto respirar? O ar está queimando meus pulmões. Ainda é resquício de Fafnir?”

Shiryu notou que sua tosse assustou Hyoga.

“Quanto tempo até chegar em casa? Estou indo para casa? Não... Ouvi Hyoga falar em hospital... Devem estar me levando para Shun.”

Quando a tosse cessou, ele ficou quieto. O peito e as costas doíam ainda mais pelo esforço. Queria ir para casa, mas Hyoga estava certo. Precisava ser medicado. 

Assim que chegaram a Tóquio, foram direto para o hospital, onde Shun já estava esperando com uma cadeira de rodas a postos e o levou rapidamente para a sala de exames. Verificou que ele estava consciente, checou pulso e pressão, ambos alterados para menos.

– O que sente? – perguntou o médico.

– Dor – Shiryu respondeu. – Muita dor em tudo, mas dói principalmente para respirar. – Ele abriu os olhos. – E, para variar, não estou enxergando.

– Certo. Vou mandá-lo para alguns exames, checar se não quebrou nenhum osso. Acho que a dor para respirar pode ser de origem muscular, do esforço extremo que fez, mas é melhor checar as costelas. E você deve ter perdido muito sangue como sempre, você é especialista nisso, não é?

Shiryu confirmou. Tinha perdido muito sangue, se fosse um ser humano comum já estaria morto, mas como Shun disse, ele era um especialista.

– Shunrei já está sabendo?

– Não exatamente...

– Vou ligar para ela enquanto te levam para os exames.

Shun chamou um enfermeiro, o qual levou Shiryu, depois tirou o celular do bolso e ligou para Shunrei. No primeiro toque, ela atendeu.

– Shiryu está aí no hospital, não é? – ela perguntou, mas já sabia a resposta. Tinha sentido o cosmo dele expandindo-se vigorosamente e depois caindo ao ponto de quase sumir. Quase.

Desde o começo tinham essa ligação, essa coisa de saber o que o outro sentia, ainda que de forma indefinida. Com o passar dos anos, ele mesmo a ensinou a desenvolver melhor o cosmo de forma que ela sabia sempre como, onde e a que distância ele estava. Era uma vantagem para uma esposa, riam disso no dia a dia, mas agora com o retorno das batalhas ela não estava achando nenhuma graça sentir que ele estava sofrendo.

– É – Shun confirmou. – Hyoga o trouxe para cá assim que chegaram de Nikko. As coisas lá não saíram como esperado…

– Como ele está? – ela perguntou. Sentia que ele estava fraco, mas vivo.

– Mandei-o para uns exames, mas acredito que esteja só muito esgotado. Vou deixá-lo em observação essa noite.

– Certo. Estou indo, mas vou demorar um pouco porque estou no ateliê.

– Venha com calma. Ele está bem. Eu garanto.

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Shun checava os resultados dos exames de Shiryu quando Shunrei entrou em sua sala. Estava de calça jeans, camiseta rosa, com a chave do carro ainda na mão, e só de vê-la Shun teve certeza de que ela não tinha vindo dirigindo tão calmamente quanto ele recomendara.

– Oi, querida – Shun cumprimentou, abraçando-a gentilmente. – Ele está bem, já mediquei – ele adiantou, para tranquilizá-la, pois parecia bastante preocupada. Fiz uma transfusão de sangue porque, como sempre, ele perdeu muito. Estou com os exames aqui. Não tem nenhuma fratura. Ele só precisa de uns remedinhos e repouso, muito repouso.

– Essa parte é um pouco difícil porque ele é teimoso, você sabe.

– Eu sei… Ele precisa deixar de ser teimoso!

– Ele não vai deixar – riu Shunrei.

– Vem, ele já está no quarto. Vou deixar você conversar só um pouco e vou administrar um sonífero para ele relaxar. Ele precisa ficar quieto, precisa apagar pra relaxar completamente.

– Certo… – Shunrei assentiu e o acompanhou. – Muito obrigada, Shun.

– De nada. Shura ajudou o Hyoga a trazê-lo e agora está com ele.

– Ah, sim. Finalmente vou conhecê-lo. Shiryu sempre falou nele e agora que voltou jovem virou assunto de novo.

– Ele é um bom rapaz.

– Isso é tão estranho... Ele devia ser mais velho que vocês, mas é um adolescente.

– São muitas coisas estranhas acontecendo ao mesmo tempo ultimamente.

Shunrei assentiu. Nunca faltavam coisas estranhas nesse mundo de cavaleiros, mas nos últimos tempos elas tinham mesmo aumentado.

Quando os dois entraram no quarto, Shiryu conversava com Shura.

– Shunrei… – ele murmurou antes mesmo que ela o tocasse ou falasse.

Ela se aproximou da cama e fez um carinho no rosto de Shiryu, que abriu os olhos. Pelo olhar desfocado, Shunrei sabia que ele não estava enxergando. Era sempre assim. Se ele queimava demais o cosmo, a visão se perdia temporariamente. Às vezes voltava em algumas horas, em outras levava semanas.

– Estou aqui, meu amor… – ela disse, e segurou a mão dele.

– Quando vou para casa? – ele perguntou. Shun devia ter aplicado um analgésico bem forte pois a dor diminuíra consideravelmente.

– Quando estiver bem para ir – ela respondeu. – Agora é melhor descansar um pouco aqui no hospital.

Shun deu a volta na cama e ministrou o sonífero direto no soro.

– O Seiya… – Shiryu disse. – Ele apareceu lá. Ele me salvou, mesmo muito ferido.
Shunrei sorriu e acariciou a testa dele, afastando a franja. Sabia o quanto isso era importante para ele. Durante todos esses anos, ele sofreu muito pelo afastamento de Seiya.

– Fico feliz por saber disso, amor. Como ele estava?

– Ele logo vai dormir – Shun avisou baixinho.

– Parecia o mesmo – Shiryu respondeu. – Ele acha que vai ser um fardo para os amigos. Ele não precisa se isolar por isso... Se fosse assim eu...  nós...

– Quando ele aparecer de novo, diga que vá lá para a nossa casa. Eu cuido de você e dele.

Shiryu sorriu. Essa era a sua esposa. Sempre disposta a cuidar das pessoas. Sua doce e amada esposa... Sua coisa mais importante... Queria tanto ser melhor para ela... Ela merecia mais do que essa vida de sair e entrar de hospitais... Ela merecia muito mais... Ela merecia o mundo...

– Direi – ele falou, com a voz já meio empastada pelo sonífero que começava a fazer efeito.

– Agora descanse – ela disse, fazendo mais um carinho na cabeça dele, que logo adormeceu.

– Ele vai dormir direto por umas oito, nove horas – Shun disse. – Amanhã checo como ele está, se a dor melhorou e dou alta.

– Obrigada mais uma vez, Shun – Shunrei agradeceu.

– De nada, minha querida – ele disse. – Preciso ir agora. Qualquer coisa, mande uma mensagem que eu volto.

Ela assentiu e quando Shun saiu, voltou-se para Shura, que estava sentado numa cadeira, observando-os.

– Desculpe, nem falei direito com você – ela disse.

– Tudo bem. Eu entendo. Seu marido é um homem fora de série. Devia se orgulhar dele.

– Eu me orgulho! – ela respondeu, sentindo-se um tantinho indignada. O que o faria pensar que ela não se orgulhava? – Tenho muito orgulho do homem que ele é.

– Mas deve ser difícil para você quando acontece isso… quando ele se fere. E nós, cavaleiros, vivemos nos ferindo.

– Eu já estou acostumada – ela respondeu sorrindo. – São muitos anos de experiência. Somos o que somos, Shura. Vocês são cavaleiros. E eu sou a mulher de um cavaleiro. Com muito orgulho.

– Então ele tem muita sorte por ter uma mulher que compreenda dessa forma a vida dura e estranha que levamos… Isso é bem raro.

– Não é mesmo muito comum… Mas apesar de não ser uma amazona, eu cresci nesse mundo. Sei bem como é. Já passamos por muita coisa juntos.

– Vocês estão juntos há muito tempo?

– A vida inteira.

O celular de Shunrei tocou. Ela pediu licença e atendeu:

– Oi, filho! Sim, ele está bem. Estamos no hospital, Shun já cuidou dele, agora ele está descansando. Vamos passar a noite aqui. Você está bem? Certo. Amanhã cedo eu ligo. Se alimente direito! Você fica focado nos treinos e esquece de comer! E não fique do lado de fora à noite se não estiver bem agasalhado. Não reclame! Eu sou sua mãe, tenho que fazer meu papel! Também te amo.

– Não sabia que tinham um filho – Shura disse quando ela terminou. – Desculpe, foi impossível não ouvir.

– Temos! – ela respondeu empolgada. – É um lindo rapaz chamado Shoryu. Está em Rozan agora.

– Shoryu... – disse Shura, pensativo.

De repente, o jeito paternal de Shiryu nas termas fez sentido. Ele de fato tinha um filho adolescente. Era um pai zeloso fazendo com ele o mesmo que faria com o filho.

– Ele é um pouco mais novo que você – Shunrei continuou. – E é muito maduro e responsável para a idade, parece muito com o pai nesse sentido, mas ainda é um adolescente, tenho que controlar algumas coisas.

– Compreendo... – Shura disse, sorrindo. – Gostaria de conhecê-lo algum dia.

– Claro! Quando ele vier, vamos te chamar para uma visita.

– Eu aceitarei. Bom, agora que Shiryu não está mais sozinho, eu vou indo. Foi um prazer conhece-la, senhora.

– O prazer foi meu, Shura. Obrigada por ter ficado com ele.

– Foi uma honra – ele respondeu e saiu, pensando que Shiryu tinha mesmo muita sorte. Vasculhou a memória e não conseguiu lembrar de mais ninguém, em toda a história dos cavaleiros de Athena, que tivesse conseguido a proeza de formar uma família como ele.

Continua...

(1)   La Cosa Più Importante, Arisa
(2)   Trem-bala.

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